Período exige ainda mais cuidado na hora de elaborar planejamento de custos para a empresa
Com a nova alta de casos e internações por Covid-19, a recuperação econômica esperada para 2021 precisará ser adiada. Empreendedores nem bem se recuperaram do baque de 2020 e já precisam lidar com novas regras de restrição de funcionamento em datas importantes para o varejo, como Páscoa e, possivelmente, Dia das Mães.
Soma-se a isso a incerteza dos consumidores para comprar nesse momento. Além do desemprego, há ainda a inflação, que já começa a fazer sombra sobre as etiquetas de preços, e o auxílio emergencial reduzido a menos da metade da primeira leva.
Diante disso, a ordem é se voltar novamente para o próprio negócio, com um olhar ainda mais crítico do que o de 2020, para entender como sobreviver em 2021. PEGN conversou com os especialistas George Sales, professor de administração e ciências contábeis do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Márcio Iavelberg, CEO da consultoria BlueNumbers, para tentar identificar formas de cortar custos e deixar o negócio mais preparado para essa segunda fase da pandemia.
1. Identifique todos os seus custos fixos e considere convertê-los em gastos variáveis
De acordo com Sales, o primeiro passo é identificar os custos fixos que o empreendedor tenha e que não sejam diretamente determinados pelo volume de vendas, como aluguel, funcionários, ocupação, ou algum outro custo recorrente, como assinatura de algum serviço. “Tem que se debruçar sobre isso, pois são os principais vilões em uma queda de vendas.” Essa análise precisa ser minuciosa. Olhe para o espaço que a empresa ocupa ou para a produtividade atual da equipe, por exemplo, e meça se os ganhos estão equivalentes aos gastos. “Se não conseguir transformar em custo variável, avalie a possibilidade de cortar”, comenta Iavelberg.
2. Pense em alternativas para aumentar a receita da empresa nesse momento
Sales orienta que o empreendedor reforce a utilização das mídias sociais a seu favor para a divulgação do negócio e contato com o consumidor. “Aproveite as ferramentas, que são gratuitas, para conseguir girar o estoque.” Além disso, o especialista aconselha que o dono do pequeno negócio dê preferência para o recebimento à vista, mesmo que para isso seja necessário conceder descontos ou criar kits com brindes que o ajudem a ter mais liquidez no momento. “Priorize o caixa. Tome decisões que privilegiem a manutenção do dinheiro para a empresa neste momento.”
3. Não tenha medo de negociar ou pedir descontos
Com a empresa fechada, operando apenas via delivery, ou com os funcionários em home office, não tenha receio de pedir um desconto ou adiamento de pagamento no aluguel e outros custos de ocupação. Sales explica que o receio de iniciar uma negociação pode fazer com que o empreendedor passe meses pagando além do que pode, sem nem mesmo utilizar o espaço, sendo que o outro lado pode estar aberto a uma diminuição emergencial no momento.
4. Considere compartilhar espaço ou equipamentos
Em 2020, conceitos como dark kitchens, que são as cozinhas sem atendimento ao consumidor, se popularizaram. Isso também vale para outros negócios e serviços que possam operar no mesmo local, ou com a mesma estrutura. Iavelberg exemplifica com o modelo de “cervejarias ciganas”: um mesmo maquinário pode produzir bebidas de diversas marcas. “O esforço da empresa passa a ser comercial, não de fábrica. Acontece isso para cerveja, mas também para doces, bolos, e muitos outros segmentos.”
5. Renegocie dívidas
Muita gente já está recebendo as cobranças dos empréstimos contraídos ao longo de 2020, ou vai começar a pagá-los agora. Os especialistas recomendam que o empreendedor consulte as instituições financeiras para tentar mais prazo nos pagamentos ou uma renegociação de parcelas. O importante é tentar manter a liquidez nesse momento. “Os bancos estão esperando que o movimento aconteça para renegociar dívidas”, observa Iavelberg.
6. Busque por crédito
Essa é uma alternativa a ser considerada caso o nível de endividamento da empresa esteja sob controle. Iavelberg comenta que o empreendedor precisa analisar alguns aspectos, além do limite de crédito, para entender se vale a pena correr atrás de empréstimos agora: se ainda acredita no negócio, mesmo em um cenário incerto, ou se a empresa conseguiu se reinventar a ponto de ter perspectivas de recuperação no futuro.
7. Enxugue a estrutura
O governo ainda não anunciou a retomada do programa de redução ou suspensão de jornada e salários. Dessa forma, os especialistas explicam que o empreendedor pode precisar apostar em modelos mais flexíveis de contratação, que ajudem a reduzir a folha de pagamentos, como a jornada de trabalho intermitente, ou comissionamento por vendas.
Fonte: https://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/noticia/2021/04/7-formas-de-ajustar-financas-da-sua-empresa-na-nova-fase-da-pandemia.html